Sou Católica

Eu já queria escrever sobre a minha conversão à Igreja Católica Apostólica Romana há muito tempo mas posterguei pela sensação de que ainda não era o tempo certo. Agora que recebi todos os sacramentos de iniciação: batismo, crisma e eucaristia, sinto-me mais preparada para defender a minha fé – e realmente estou. Afinal, os sacramentos são promessa de graça.

Lembro-me com meus cinco ou seis anos de idade deitada em minha cama antes de dormir fazendo mentalmente a seguinte pergunte “Será que a igreja evangélica é a certa? E se for a Igreja Católica? E se a gente estiver na igreja errada?” Mas logo me censurava e pedia perdão a Deus por ter esse tipo de pensamento, achava que Ele iria me castigar por duvidar do rico conhecimento apreendido nos cultos neo-petencostais: que os católicos eram um bando de adoradores de imagens de entidades satânicas e estavam todos endemoniados.

Eu não sei por que eu tão pequena me preocupava com essa questão, realmente não tinha aprendido nada sobre a Igreja Católica além de odiá-la com base em chavões. Mesmo assim no meu coração havia essa dúvida. Acho muito engraçado pensar que vinte anos depois ela foi sanada e eu me converti.

Apesar de acreditar em Deus eu achava os cultos evangélicos muito chatos e vexatórios. A gritaria, o falar em línguas estranhas (que se você observar é apenas a repetição dos mesmos sons e se aquilo for realmente uma língua a pessoa só aprendeu três palavras), uma hora de música gospel melosa e alguns poucos minutos de ensinamentos bíblicos, que sempre eram interrompidos por algum chavão evangélico: “Dê o dízimo para conseguir o sonho da casa própria”, “Dê o dízimo e seu marido vai se converter”, “Dê o dízimo e você vai emagrecer”, “Dê o dízimo e seu filho vai largar as drogas.” Naquele ambiente eu via pessoas tão pobres que deixavam de ir ao culto porque não tinham um par de sapatos e a alça de borracha do seu único chinelo tinha arrebentado, enquanto o pastor ostentava uma mansão com piscina e o carro do ano. Eu sentia um grande constrangimento de fazer parte daquilo. Muitos vão ler isso e dizer que era um problema era específico da igreja que eu freqüentei, então vou deixar claro que durante 14 anos eu fui a mais de mais de dez denominações diferentes. Eram todas, more or less, a mesma coisa.

Com o tempo eu passei a odiar aquele ambiente porque as piores pessoas que eu conhecia estavam lá, não fora. Minha família dizia que eu não devia julgar a igreja pelos homens “porque os homens são todos pecadores e o único santo é Deus”. Isso nunca me convenceu, não esperava encontrar Santos mas não entendia como no lugar onde mais se deveria crescer espiritualmente era onde as pessoas mais se perdiam. Toda vez que diziam que a igreja era falha eu perguntava por que tínhamos que fazer parte dela, a resposta era algo como: “ter comunhão entre irmãos”, o que eu sempre me esforcei para evitar.

Com quatorze anos fiquei livre da obrigação de ter comunhão com meus irmãozinhos e fiquei dez anos completamente afastada da religião. Eu ainda acreditava em Deus, só não tinha a mínima idéia de quem Ele era. Meu interesse pela Igreja Católica começou em 2014, no Curso Online de Filosofia (COF). Meu professor, Olavo de Carvalho, vez ou outra comentava sobre os milagres, a doutrina, a vida dos Santos, as aparições de Nossa Senhora e as obras como criação da universidade, hospitais, orfanatos, asilos e outros centros de caridade, além de falar de passagens das escrituras que eu nunca tinha lido ou ouvido falar.

Como acreditar que Jesus nunca quis uma Igreja e ela é pura invenção humana ao ler:

Mateus 16:18: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” Se o inferno jamais prevalecerá contra a Igreja não é possível aceitar que durante 1500 anos ela estava sob domínio do demônio até o surgimento do protestantismo.

Como se convencer de que é errado pedir intercessão dos santos porque eles já morreram ao ler:

Apocalipse 6: 9 “Quando Ele abriu o quinto selo, contemplei debaixo do altar as almas daqueles que haviam sido mortos por causa da Palavra de Deus e do testemunho que proclamaram. 10 Eles exclamavam com grande voz: “Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, esperarás para julgar os que habitam em toda a terra e vingar o nosso sangue?” 11 Então, para cada um deles foi entregue uma vestidura branca, e foi-lhes orientado que aguardassem ainda um pouco mais, até que se completasse o número dos seus irmãos que, como eles, foram servos e que, da mesma forma, também deveriam ser mortos.”

Se após a morte dormiremos em sono profundo à espera da segunda volta de Cristo, o que essas almas estão fazendo em volta do trono de Deus pedindo por justiça? Aliás, de onde os evangélicos tiraram que é impossível que sejamos santos quando o próprio Cristo nos mandou:

“Sede santos, porque eu sou santo.” (1 Pedro 1:16)

Por que achar que o simples fato de fazer uma imagem é pecado quando o próprio Deus ordenou que estas fossem feitas:

“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório.” (Êxodo 25,18)

“E disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e ficava vivo.” (Números 21,8-9)

“E revestiu de ouro os querubins. E todas as paredes da casa, em redor, lavrou de esculturas e entalhes de querubins, e de palmas, e de flores abertas, por dentro e por fora.” (I Reis, 6, 28-29)

E de onde, ó Pai, tiraram a porca idéia da SOLA FIDE quando está tão claro:

Tiago 2 (14, 17) “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e nào lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.”

Tudo isso chamou muito a minha intenção, mas o que realmente consolidou a minha fé foi a conferência do Doutor Ricardo Castañon. Ele estudou os milagres eucarísticos, coisa que até então eu nunca tinha ouvido falar. Doutor Castañon é um neurologista e cientista ateu que queria provar que os milagres em que as hóstias sangravam eram fraude. Acabou provando que eram verdade e se converteu. E eu também após assistir o vídeo:

Ao mesmo tempo comecei a rezar o rosário, mesmo antes de ir à Santa Missa, e isso preparou a minha alma. Eu nunca achei que fazer uma oração pronta e engessada tivesse efeito, achava que a oração tinha que vir do coração, uma bobagem que aprendi no protestantismo. Quando nosso coração não é limpo (e só o coração dos santos é limpo) a gente só pede o que ACHA que é bom para nós, ou seja, a gente só pede besteira. As orações prontas pedem o que a humanidade precisa, seja em qualquer século, em qualquer idade, em qualquer situação.

Por fim, me aproximei muito de Nossa Senhora e vi que através da intercessão dela dezenas de pedidos meus foram realizados. De fato, ela NUNCA me abandonou. É ela que gera o Cristo em nós e eu não sei o porquê disso, só sei que é real. É evidente que Jesus não precisaria da Virgem Maria, no entanto Ele escolheu precisar. O Cristo poderia ter aparecido na terra já como homem adulto e feito tudo o que fez, mas Deus ESCOLHEU que Jesus nascesse gerado no ventre da Virgem Santíssima. E se Deus quer que seja assim não vejo porque a opinião de qualquer um deveria prevalecer à dEle.

A vida dos Santos é a coisa mais maravilhosa de se estudar. Você vê o que Deus quer realmente do homem. Só os mais humildes chegam à santidade, os que se abdicam de tudo, os que se entregam totalmente, os que se sacrificam, os que morrem. Como o próprio Cristo disse: pelos frutos conhecereis. Existem pessoas ruins em todos os lugares. Mas se compararmos pelas melhores pessoas não há duvida, a Igreja Católica é a ÚNICA onde encontramos pessoas que assim como São Paulo podem dizer “Não sou eu mais quem vive, mas é Cristo que vive em mim.”

Orientação Etária Não-Binária

Para tentar entender o mundo eu sempre comparo o atual com três gerações atrás, a geração dos meus avós. Tinha dó quando ouvia as história da minha avó materna Ruth, nascida em em 3 de março de 1923. Ela brincou até os quatro ou cinco anos de idade e depois nunca mais. Teve uma única boneca, de louça, vinda do estrangeiro, muito cara e bonita – ela conta – mas que escorregou de sua mãozinha rachando a cuca e engatilhando infinitas broncas de minha bisavó Minervina. Acho que a boneca escalpelada foi a primeira lembrança de vovó. Logo começou a trabalhar e dominava o serviço doméstico da casa, sua mãe estava sempre ocupada dando a luz a um filho atrás do outro, totalizando oito irmãos mais novos.

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Mesmo com essa vida minha avó foi melhor instruída que a maioria dos universitários. Instruída na leitura e escrita, digo. Com relação a sexo e todas as suas ramificações, que passou a ser o assunto mais discutido em qualquer faculdade de humanas, ela teria tirado zero. Casou sem saber como eram feitos os bebês.

As crianças atuais sabem tudo sobre essa questão – tanto na teoria quanto na prática – e também alguma coisa sobre tecnologia, reciclagem, espécies em extinção, cultura que não é cultura. arte que não é arte, música que não é música, além de acreditarem piamente que vão salvar o planeta, mesmo sem possuírem conhecimento básico como: o ovo vem da galinha, o leite da vaca, os nuggets vem do frango, um homem de tamanco e maquiagem não é uma mulher, etc.

Pior que que elas são os adultos desse século. Diariamente vejo conhecidos de quase quarenta anos postando suas fotos na Disney, ora com orelhas gigantes do Mickey, ora com o diâmetro labial maior que o de uma jaca no loop da montanha russa. Mas não são totalmente desprovidos de qualquer valor e responsabilidade, já são pais. Pais de pet.

Fico pensando se todas essas propagandas no instagram sobre livros de colorir e massinha de modelar para adultos não são obras de engenharia social ou apenas o resultado de uma infância sem trabalho e hiper-sexualizada.

Eu tinha dó da minha avó, mas hoje tenho dó de nós mesmos. Minha avó foi feliz, a vida dura nunca foi um empecilho à felicidade. A última década mostrou os menores de idade mais suicidas que eu já tive notícia. Antigamente tínhamos crianças com deveres de adultos e adultos. Hoje temos crianças com direitos de adultos e adultos com deveres de crianças.

Netflix: Making a Murderer

Um documentário em série que conta a história de um redneck americano que foi condenado à prisão duas vezes injustamente. Captura de tela 2016-08-21 às 11.25.48Acabei de assistir os dez episódios da primeira temporada de Making a Murderer, um documentário que expõe as falhas graves do sistema judiciário americano. Steven Avery fica 18 anos preso, acusado de estupro, até que o avanço da tecnologia forense prova sua inocência através do teste de DNA. Ele sai da cadeia e retoma sua dignidade perante à sociedade, recebe prêmios, cria-se uma lei feita em sua homenagem, casa-se novamente e entra com um processo contra o Estado. É a partir desse ponto que ele mergulha em um inferno ainda maior.

A incompetência de um juiz, a preguiça de um júri, má-conduta de policiais e detetives, abuso de poder, implantação de provas falsas, sugestionamento de um adolescente com retardo mental, mesmo a lacuna de provas concretas preenchidas pelo discurso apelativo de um promotor conseguem a condenação com pena de prisão perpétua de Avery.

A vida de Steven é uma narrativa kafkaniana que mostra o poder monstruoso do Estado sobre as nossas vidas. Todos somos impotentes perante autoridades cruéis ou relápsas. É assustador e angustiante.

Olhando pelo lado moral no âmbito pessoal, o documentário mostra a importância da busca da verdade e como as falhas no cumprimento desse dever podem trazer danos irreparáveis e permanentes. Certezas sem provas, julgamentos sem embasamento, o deixar-se levar pelas emoções no lugar da razão podem destruir não só reputações, mas vidas inteiras.

Arrazoado: Os Maias

Os Maias – Eça de Queiroz

Lassidão talvez seja a melhor palavra para descrever a vida dos personagens de Os Maias ou pelo menos a sensação que essas causaram em mim. Não que não houvesse altos e baixos na trama, que de fato não era linear, mas mesmo os momentos de êxtase não perfuraram a camada plástica e superficial que os envolvia. Nos quesitos moral, intelectual, social os personagens eram todos baixos ou quando muito, nulos. Um livro sem heróis, sem santos, sem a quem admirar, o que trouxe um sentimento de familiaridade. Não pareciam europeus, pareciam brasileiros.

Os principais esportes da elite lisboeta eram os jogos de carta, o dominó, esgrima e comer mulher do próximo – e quase que em sua maioria absoluta, quanto mais se comia mais afeição se ganhava do marido traído. Nesse aspecto a high life era tradicionalíssima: as mulheres desejadas eram sempre casadas e com amigo próximo. Não sei por onde andavam as solteiras. Nas raras vezes que uma surgia, logo se casava para virar amante de outro.

São mostradas três gerações de da Maia: Afonso da Maia, o avô; Pedro da Maia, o filho; e Carlos Eduardo da Maia, o neto – e duas tragédias que resultam em morte. A primeira é quando Pedro se casa com uma prostituta, de espírito mas não de profissão declarada, e quando Maria Monforte foge com um amigo íntimo, ele volta para o casa do pai e comete suicídio em seu quarto de solteiro. Já Carlos Eduardo se envolve com Maria Eduarda, uma prostituta de profissão mas não de espírito. O que poderia ter sido superado não fosse a revelação de que ela era irmã de Carlos, a que foi levada pela mãe na fuga, e isso acaba por matar o avô, Afonso, de desgosto.

Afonso da Maia é um dos poucos personagens cuja moral está um pouco acima da linha geral. Cria o neto tentando corrigir a educação que fora dada ao filho, cria-o para que ele seja forte, na esperança que ele não caia nos mesmos erros do pai. Porém sem efeito, as paixões desenfreadas dos da Maia também eram tradição.

Maria Eduarda é outro personagem que não bóia na superficialidade da nobreza portuguesa. Casa-se nova para fugir da rotina de festas e amantes da mãe, quando fica viúva vira acompanhante do brasileiro Castro Gomes para salvar sua filha da fome. Quando Carlos é avisado por Castro Gomes que ele não poderia ser amante de Maria Eduarda pois ela não era sua esposa, mas sua prostituta – uma das melhores cenas do livro, Carlos tem o desejo imediato de terminar o relacionamento, é tomado por um profundo sentimento moral, que dentre as circunstâncias é extremamente imoral. O seu rancor era principalmente movido pela pressão social que viria desse escândalo. Para Carlos Eduardo, se Maria Eduarda fosse a esposa que abandona seu marido, não haveria mal, mas já sendo solteira e prostituta, era inaceitável. A hipocrisia, como não poderia deixar de ser, é bem retratada. A relação que Maria Eduarda tinha com o seu “cliente”, Castro Gomes, era idêntica a que todas as condessas e pomposas mulheres da high society tinham com seus maridos: apenas um meio de desfrutar de uma vida luxuosa. A diferença estava num pedaço de papel, numa aliança e na recusa ao “pagamento” assim que se entregou a Carlos. Substancialmente eram todas prostitutas, mas Maria Eduarda é o única que em algum momento deixa de ser.

Dâmaso é o retrato esculpido em carrara do puxa-saco desajustado, que tenta a todo custo fazer parte do grupo dos “bons”. Gordo, covarde e assexuado. Um mentiroso compulsivo tanto para os outros quanto para si mesmo. Vive como uma esponja que tenta absorver do seu meio social todos os gostos, costumes, comportamentos que ele considerava “de um chic a valer”, o que não exclui a prática do adultério, na qual, porém, ele falhava irrestritamente.

João da Ega, o melhor amigo de Carlos, hoje em dia seria o típico universitário de um curso de humanas: sustentado pela mãe, ateu e progressista. Ele é uma espécie de entertainer da vida bohêmia. Cria para si uma áurea de intelectual excêntrico, gosta de dar opiniões não ordinárias, de surpreender e fazer graça. É o autor de “A Biografia de um Átomo”, um livro inacabado que não sei sobre o que se trata, nem ele mesmo e talvez nem saiba Eça de Queiroz. Ao longo da história é possíver ver apenas um sinal de atitude salutar, quando ele se depara com o clímax: Carlos está dormindo com a própria irmã. Ega, então, decide revelá-lo por não suportar ser cúmplice de um segredo tão “indigesto”. Há um senso de moralidade nele, talvez um resquício da educação cristã e que certamente faltou a Carlos.

Carlos Eduardo da Maia parece um pouco superior aos demais, por ser mais caridoso, simpático e sociável. Porém, isso são apenas normas que ele segue como uma cartilha de boas maneiras aprendida em algum curso de cavalheiros. Carlos não sabe amar. Uma paixão, por Maria Eduarda, que logo se desfez como todas as outras, um desejo meramente carnal custou a vida da única pessoa que fez por ele durante a vida, seu avô. Mesmo já ciente que estava cometendo incesto, Carlos se deita com Maria Eduarda. É apenas quando o seu desejo sexual se abranda que ele toma a decisão de deixá-la, puro egoísmo.

O final do romance é o ápice da languidez de toda a história. Carlos e Ega resolvem viajar pelo mundo para acalmar os ânimos, voltam para Lisboa após muitos anos e concluem que na vida nenhum esforço vale a pena. Eles concluem isto sem nunca terem feito sequer um. A última cena são os dois correndo atrás de um bonde ou coisa que o valha para não chegarem atrasados a jantar. A meu ver, é uma imagem usada para mostrar a pobreza de espírito dos personagens, que estão sempre à mercê das circunstâncias, sendo levados pela maré, pelo bonde.

Os Maias é belíssimamente escrito, pena que sobre vidas incrivelmente vazias.

 

Arrazoado: O Nó de Víboras

O Nó de Víboras é um livro cuja narrativa carrega o leitor junto ao fluxo de sentimentos do narrador-personagem. Primeiro à angústia, à mágoa, à raiva e depois à clareza e à paz. É uma espécie de retrospectiva dos momentos mais dolorosos de uma vida autista e truncada. Através de carta movida por vingança, um pai de família próximo à morte expõe todos os pormenores que o moldaram monstro, porém, que o processo de escrita em si, o confronto com a miséria da sua vida pessoal, transforma em humano novamente.

A carta é destinada à esposa, quem ele pretendia ferir com um golpe final, só que dessa vez de forma aberta e verdadeira, expondo tudo o que ele sentiu, pensou e a motivação de seus atos. Luiz é um velho rico e avarento, que despreza todos e é temido por todos. Ele sabe que seus familiares estão esperando ansiosamente sua morte para obterem a partilha, e planeja uma última vingança, que é o objetivo concreto da carta: comunicar que nenhum deles receberá herança.

O ovo da serpente, a primeira víbora que deu a luz a todas as outras, foi a decepção com sua mulher. Logo no primeiro ano de casamento ele supõe que Isa não o amava, tira essa conclusão por uma conversa na qual ela confessa ter sido abandonada pelo último pretendente e seus pais estavam convencidos de que por isso nunca arranjaria marido. O rancor envolve Luiz e ele passa as próximas décadas sendo desagradável e traiçoeiro sempre quando pode. Picadinhas de veneno que se estenderam da mulher para todos os filhos. Já que não era amado ele fez de tudo para ser odiado.  A medida que o tempo passava alargava a distância entre si e cada qual havia na casa. A única que sobrevive à carranca do pai é Maria, a mais nova, única que possuía por ele algum afeto. Sobreviveu a isto, mas não à febre. Faleceu aos seis anos de idade. Outro personagem por quem ele teve afeto, foi seu sobrinho, mas este morreu também, na guerra. Passou a vida assim, perdendo todos os poucos quem amava.

A morte de Maria, no entanto, foi a primeira fresta para abertura espiritual do pai, que sempre foi mais ateísta praticamente do que ateu – apenas mais uma das formas de se divertir atazanando a esposa carola. Ele sentia Maria viva, sabia que ela era mais que um corpo, e nisso, demonstrava mais fé que Isa.

Luiz tinha uma carreira exemplar e um orgulho tão imenso quanto seu dinheiro. O livro mostra como nenhuma dessas coisas tem peso com a proximidade da morte. Durante seu processo terapêutico – a escrita da carta-diário – ele se dá conta que todos os bens materiais que ele obtivera não tinham real importância, ele só ansiava por uma coisa: amar e ser amado, sendo exatamente o reflexo inverso de seus filhos, noras, genros e netos: condenava-no, e se julgavam superiores, mas seus corações estavam tomados pelos desejos e sentimentos medíocres.

Cada relação de casal formada naquela família parecia ter por base a esperança da partilha. O pior de todos, Phylip, casado com uma das netas, era o que menos se preocupava em esconder essa intenção. Apesar disso, ele acaba surpreendendo a todos quando decide fugir com uma mulher pobre. Ele e Luiz tem isso em comum, são julgados os piores, os mais superficiais, mas no fundo queriam coisas mais elevadas. O livro mostra isso, às vezes os maus são superestimados em sua baixeza.

A morte de Isa, quebrando a expectativa dos que ansiavam por enterrar primeiro Luiz, fê-lo desistir da vingança e também desistir de seu dinheiro. Entregou tudo as filhos antes do tempo, não queria mais nada, não precisava de mais nada. Sentia uma paz consigo mesmo, e não se importava mais em ser odiado pelos filhos que acreditavam que a guinada era justificada por mera falta de tempo ou planejamento para sumir com o dinheiro. Apesar disso, ele e a neta que havia sido abandonada por Phylip se aproximam, e os dois vivem juntos até seu último dia de vida. É a única que o conhece de verdade e testemunha sua mudança de caráter.  O nó do coração de Luiz é desatado.

 

Arrazoado de Crime e Castigo

 

Crime e Castigo, escrito pelo romancista russo Dostoiésvki, retrata a vida de um jovem universitário que põe à prova suas idéias niilistas e acaba indo parar em uma prisão na Sibéria após sua autodelação.

Ródion Romanovich Raskólnikov considera injusta sua miséria e dificuldades para alcançar uma posição econômica mais elevada para construir sua carreira enquanto tantos outros sem talento e inteligência, que não exerciam função social alguma, possuíam mais bens e dinheiro sem qualquer real esforço para tal. O estudante acreditava na meritocracia. Segundo ele mesmo, era um intelectual com dom literário e conhecimento acima da média, e portanto merecedor de condições favoráveis para alcançar seus objetivos, pois ele seria muito mais útil do que um “piolho”, como ele se referia, por exemplo, à velha agiota, vítima escolhida por ele que morre a golpes de machadinha.

A sensação de injustiça social fez surgir a aversão ao trabalho duro, o ódio contra tudo e contra todos e as aspirações à vingança, na perspectiva do estudante vista como mera justiça. A verdade é que Raskólnikov não passava fome, não era um desabrigado, não possuía vícios, nem possuía quaisquer responsabilidades perante o sustento de outrém. A vida não era fácil, mas todas os estorvos eram transponíveis, admitidamente por ele ao longo da estória. Ele havia largado os estudos na universidade pelo rancor que o tomou do esforço que seria necessário: dar aulas em troca de alguns kopeks. E por isso viveu na morosidade durante o período de um ano, passando os dias deitado na cama, alimentando-se desses sentimentos e de suas idéias, até que num surto resolveu cometer seu segundo crime, o da velha agiota. O primeiro assassinato foi contra ele próprio.

A narrativa, contudo, mostra que o jovem estudante não era mau em essência, muito pelo contrário. Era um filho doce, um irmão protetor, tinha compaixão pelo próximo e era capaz de dar tudo o que tinha para ajudar um estranho. Ródion não possuía ânsia por dinheiro ou ascensão social, o que o corrompeu foi a vaidade pela sua inteligência. Ele achava que era um gênio e permitiu se esvaziar de todas as suas crenças, de todo o sentido para provar que uma idéia estava certa, a que um ser humano especial poderia cometer um crime contra alguém inferior desde que isso fosse beneficiá-lo. Raskólnikov foi ao mesmo tempo cobaia e autor de um experimento, que acabou provando que  o piolho era ele.

O teste é feito e o resultado falha. Ródion Romanovich cai doente, enlouquece e perde completamente a paz. Sua teoria estava errada. Ele era a prova viva. Não bastou acreditar que era merecedor do dinheiro, que a velha era uma pessoa ruim e não faria diferença nesse mundo. O estudante descobriu que há forças que agem sobre o ser humano que são incontroláveis, e a elas ele sucumbe.

* * *

Avdotya Romanovna Raskolnikov é a irmã mais nova de Ródion. Uma mulher capaz de se doar completamente por quem ama. Tem espírito forte, fé e é do tipo que sofre calada. Teve envolvimento em dois embates no decorrer do romance. O primeiro quando era governanta de certa casa e sofre perseguição do patrão que está determinado a tê-la como amante, o que resulta na destruição completa de sua reputação na vila onde morava até que a verdade vem à tona. E a segunda, quando recebe o convite de ser esposa de um advogado.

O caso da perseguição sofrida por parte de Svidrigailov mostra a resistência de Dúnia. Ela suporta praticamente sozinha, não fosse sua mãe, Pulcheria Alexandrovna Raskolnikov, a rejeição de todo o ambiente social do qual participava – viram-lhe as costas, rejeitam-lhe emprego, e fazem comentários maldosos, até mesmo durante a missa. Mas Dúnia tinha amor à verdade, ela sabia de sua inocência e isso bastava para que se mantivesse sã, inteira. Quando a situação se esclarece, como forma de compensá-la por todo o sofrimento, Marfa Petrovna, a ex-patroa traída, limpa seu nome em todas as casas e arranja um casamento, mas o caráter do possível futuro marido de Dúnia não se difere muito do marido de Marfa.

Ambos patifes, Svidrigailov e Piotr Pietróvich Lújin são o tipo de homem que espera obter alguma vantagem de uma mulher, embora de formas e com objetivos diferentes. O primeiro é o perfeito vagabundo: sustentado pela própria esposa, infiel e “sensual”, termo usado como xingamento no livro e que hoje em dia é dito sempre como elogio – o que me chamou a atenção. O segundo, no entanto, mal parece ter qualquer interesse sexual por quem quer que fosse. Viado, mas não homossexual, Lújin pretende um casamento que lhe dê status de homem benevolente e a comodidade de um porto seguro, alguém controlável e fácil de agradar, uma esposa que tenha devoção por ele e nunca o abandone.

Avdotya Romanovna não o ama, mas aceita o casamento unicamente para acalmar o espírito da mãe e com esperanças de ajudar o irmão. Dúnia percebe o que a aguarda, a avareza e más intenções de Lújin, mas passa por cima disso tudo. O futuro marido era rico e influente, ele poderia ajudar Ródion.

* * *

Sofya Semyonovna Marmeladov é um personagem que faz par com Dunechka. Embora pareça ter menos força, tímida e envergonhada, faz um sacrifício muito maior por sua família. Para garantir o sustento do pai bêbado, da madrasta tísica e dos irmãos mais novos, vira prostituta. Também possui fé inabalável e é figura central na recuperação da alma de Raskólnikov. É o amor de Sônia que o transforma. Do cubículo mais reles de Petesburgo à Sibéria, a vida inteira de Sônia é dedicação a outrém que não ela mesma. Após a morte de seus pais, ela passa a se dedicar integralmente a Ródion sem nunca fraquejar, mesmo com toda rudeza e indiferença ingrata dele muitas vezes. E valeu a pena, ela salvou sua alma. Não foi a religião, nem sua consciência, nem mesmo a verdade, mas o amor de Sônia por ele que o fez suportar sua miséria interior.

* * *

Sônia e Dúnia são o tipo de personagem raro. A cena em que Dúnia tira uma arma e atira em Svidrigailov após ameaça de estupro deixa uma impressão inversa da que temos no Brasil e no feminismo: de que a virgindade, a pureza e a inocência são uma fraqueza infantil advinda de mulheres sem energia vital, controláveis, que sucumbem à vontade dos homens. Dostoiévski mostra o contrário. As duas personagens mais fortes são as mais inocentes. Mesmo Sônia. Pois ela apenas corrompe o corpo, mas mantém o espírito intacto.

A maior lição de Crime e Castigo tem para os dias atuais é mostrar como o sentimento de injustiça pode destruir uma pessoa, mesmo cheia de virtudes como Raskólnikov. Bastou uma idéia ruim, que ele possuía um direito, para corromper personalidade e coração. Esse sentimento vai em direção contrária ao que é ensinado no Cristianismo. Na dinâmica do mundo não existe “justiça”.

“Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.

Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo;”

Eclesiastes 9:2,3

 

Exercício moral

Há muito não escrevo mas nem de longe pensei em abandonar a prática de bloguear – nem de inventar palavras.

Estou fazendo filosofia há alguns meses, mas recentemente resolvi seguir a sério, com dedicação e disciplina – Três coisas que praticamente inexistem na minha personalidade e por isso tenho me esforçado múltiplas vezes mais para conseguir qualquer sucesso. Um dos exercícios propostos pelo meu professor, e sem prazo de entrega, é o de mudar o automatismo da reclamação, substituindo-o pelo automatismo da reza. É um exercício que ajuda a ter controle do que você está produzindo interiormente, primeiro porque isto se torna perceptível e depois porque a idéia é enfraquecer e eliminar um determinado tipo de fluxo colocando outro no lugar. Já que estendi o exercício para o meu outro forte, o pessimismo agudo, no início do experimento achava que até iria descobrir qualquer vocação religiosa tanto eu rezava. Mas graças a Deus isso não ocorreu e continuo com os planos carnais, embora não pecaminosos – antes que alguém entre no automatismo do significado dessa palavra.

É praticamente assim:

“Odeio o meu trabPAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS SANTIFICADO..”

“Sou uma fracasPAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS..”

“Não vou consegPAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS..”

“Nada dá certPAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS..”

“Tomara que esse lugar exploPAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS..”

“Que cara burro, puta que PAI NOSSA QUE ESTAIS NOS CÉUS..”

“Vou desistir de tudo e virar funcionária pública para agradar minha família e ser bem vista por toPAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME VENHA A NÓS O VOSSO REINO SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE PERDOAI AS NOSSAS OFENSAS ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS QUEM NOS TEM OFENDIDO NÃO NOS DEIXE CAIR EM TENTAÇÃO MAS LIVRA-NOS DO MAL AMÉM.”

Funciona! Você realmente esquece daquele pensamento ruim e no final da oração ele não volta mais. Aquele não. Às vezes vem outro, pior e mais triste, mas aquele não volta! Quando oro vezes seguidas me acho um pouco maníaca, tipo um personagem de Almodóvar, e começo a rir. O que é ótimo, pois se o o estado de aflição não morre pela fé, morre pelo ridículo.

Pois os pensamentos ruins são rápidos e acendem na mesma velocidade que se apagam, mas quando você se propõe a estar atenta a eles, a capturá-los e substituí-los, você percebe a freqüência absurda com que aparecem: o tempo todo. O ridículo está nisso, em como esse modus vivendi é despercebido e presente. Isso faz pensar na quantidade de automatismos degradantes que nos acompanham e que não percebemos, de origem interna e externa, que inexistem na nossa visão e talvez  a maioria nunca consigamos enxergar.

A verdade é que ninguém se conhece. Embora exista uma divisão sobre este grupo: há os que não se conhecem, mas não sabem que não se conhecem; e há os que não se conhecem, mas sabem que não se conhecem! Ao menos eu já estou na segunda categoria.

Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa.” Sócrates

Ou talvez esteja na primeira. Não sei.

não respeito a sua opinião

Por que todo mundo age como se opinião fosse algo sagrado que merece respeito?

Opinião é apenas o que você ACHA sobre alguma coisa. O que você acha sobre uma coisa pode ser reflexo tanto do estudo como da falta dele, da influência cultural, social, política, religiosa, de uma idéia que você apreendeu consciente ou inconscientemente. Opinião é o que você pensa ou escolheu acreditar que está certo. Se fosse o que É certo se chamaria fato, que é a realidade e não muda de acordo com o filtro da visão de quem o vê.

Mas mesmo sabendo dessa obviedade as pessoas insistem em cobrar respeito por suas opiniões como se elas tivesse qualquer importância. Se uma parede é branca ou eu acho que ela seja branca, você tem todo o direito de achar que ela é azul, mas eu não tenho nenhum dever de respeitar o que você acha. Isso seria desrespeitar a minha opinião, ou pior, desrespeitar um fato.

Mesmo porque, como explicou Olavo de Carvalho, “Respeitar é valorizar. Se valorizo uma opinião, faço-a também minha ao menos parcialmente, e neste caso não estou respeitando uma opinião alheia, e sim a minha própria.” É impossível respeitar o que você não acredita ou o que não é verdade.

Respeitar a opinião alheia quando essa é completamente diferente da sua é um atestado de burrice ou loucura. Ter uma opinião significa que você acha que está certo, portanto que o outro está errado, senão a sua opinião seria a do outro e não a sua. Mas se você respeita ambas, a sua opinião e a opinião oposta, então significa que você não tem respeito pela SUA PRÓPRIA opinião, que talvez a tenha escolhido através de um unidunitê qualquer. Desrespeitar a opinião alheia a sua é a única obrigação que deve ser respeitada.

Uma pessoa que respeita a opinião de todo mundo não pode ser levada a sério nem por um segundo. É só mais uma forma de puxar saco ou jogar conversa fora em vez de assumir o que realmente pensa. Isso, claro, considerando que ela pensa. Nesse caso, o melhor é usar as palavras do título desse blog: eu. não. sei.

artistas e a obsessão pela estupidez

Muita gente sabe que sou persona non grata pelas minhas opiniões e gostos e isso fica evidente principalmente no meio artístico. Eu não teria nada a criticar se não fosse massivamente criticada por tentar estudar um pouquinho e entender o mundo. Como isso incomoda os artistinhas! Ler um livro, tentar entender a situação política em que estamos, estudar uma nova língua. Tudo isso é visto com extremo desprezo. Conhecimento para os artistinhas é perda de tempo, aliás, eles morrem de medo de obter algum e acabar tendo uma opinião contrária a do establishment. Afinal, ser office-boy intelectual dá status, o sentimento de pertencimento ao grupo traz conforto, pra quem adora ter um grupinho de apoio para chamar de seu.

Eu entendo que as pessoas não tenham o mínimo interesse em crescer, mas se incomodar com o crescimento dos outros não. Delas só tenho recebido os piores conselhos possíveis: “seus roteiros são muito críticos, faz uma coisa mais povão”, “para de estudar e foca na comédia” – Essa é a hora que os comediantes me deprimem! Quando separaram a arte da cultura que eu não sei? Como os artistinhas esperam fazer um bom trabalho sem nenhuma base de conhecimento? E por que essa obsessão por conteúdo estúpido? O que já temos já não é mais do que suficiente? Enfim, algumas retóricas.

Talvez grande culpa disso seja da internet que, para o bem ou para o mal, permite que qualquer pessoa ganhe fama. Hoje você só precisa ser ninguém para ser alguém – ninguém interessante, alguém famoso, no caso.

Então de repente você tem centenas de pessoas estúpidas servindo de exemplo para milhões de pessoas estúpidas que passam a admirar a estupidez daquelas pessoas estúpidas. E qualquer pessoas que pense “ei, eu não quero ser estúpida!” vai atrair a resposta: “Você é estúpida??? Você precisa ser estúpida para ser Estúpida!” como se isso fizesse o menor sentido! Na verdade faz, eu é que acho estúpido.

Feliz Dia dos Namorados, bitches

Hoje é o dia dos namorados então fiz uma listinha dos piores homens que existem para você amiga encalhada se sentir menos mal por ter se livrado de algum deles:

Homem PT: tá te fodendo ha 12 anos mas qualquer problema de relacionamento joga a culpa no seu ex

Homem menor infrator: não paga por nada

Homem Aécio Neves: você jurava que ele ia te tirar da fossa, mas descobriu que é viado

Homem deputado: conta um monte de mentiras para conseguir entrar na Câmara

Homem Jean Wyllys: diz que é viado pra conseguir te foder

Homem pão de queijo de minas: é o mais gostoso, mas é oco por dentro

Homem vítima da sociedade: te dá uma facada no coração e ainda diz que a culpa é sua

Homem menstruação: quando desaparece faz você pensar em todas as merdas que você fez

Homem Movimento Feminista: só quer que você mostre os peitos

Homem telemarketing: sempre te procura para oferecer o que você nunca quis

Homem MST: só quer invadir seu latifundio

Homem cantor de MPB: prefere tocar solo