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Fiquei um mês viajando pela europa. É claro que ao voltar eu precisava fazer várias considerações sobre o que vi e vivi nesses, exatamente, 32 dias.

Ao todo foram 7 países e 13 cidades onde estive. Alguns de passagem, outros fiquei. Mas conto todos porque assim minha viagem parece mais interessante tenho considerações a fazer mesmo sobre os lugares pelos quais passei apenas algumas horas.

Peguei meu vôo dia 05/05, no Galeão, aeroporto internacional do Rio. Era a primeira vez que eu saía do continente americano – e sozinha! Mas isso não importa..

Gostei muito da KLM, companhia aérea holandesa. Não sei quanto ao avião, mas escolha bem a nacionalidade dos comissários de bordo que vão te atender. Os holandeses são muito mais gente boa que os franceses, por exemplo. Se você vai ficar 12h num avião, que pelo menos seja com pessoas simpáticas!

Após muitas e muitas horas, cheguei no aeroporto de Amsterdam. Lá parece o futuro. É o aeroporto mais bonito que eu já vi na vida, não que eu tenha visto muitos. É cheio de compridas esteiras rolantes e toda hora carrinhos de golfe passam por você levando árabes cheios de malas com suas esposas gordas vestindo burcas. As lojas e cafeterias do aeroporto de Amsterdam também são incríveis. Lembro de uma que eram xícaram gigantes onde você entrava dentro para comer – como aquelas do parque de diversões, só que em vez do volante era uma mesa, e obviamente a xícara não girava. Mas essa seria uma boa ideia para restaurante de bulímicos. Você entra, come, começa e a girar e vomita. (Vou vender essa ideia!)

Peguei minha conexão para Paris pela Airfrance. A diferença dos comissários franceses para os holandeses é enorme. Na verdade a maior parte dos atendentes da França me lembra muito os atendentes do Bobs. É sempre uma mulher mal humorada e extremamente antipática. Com a diferença que na França elas não costumam pesar mais de 100Kg. Aliás, não se vê pessoas realmente gordas na França. Quase nunca. O que é irritante.. Porque  90% desses filhos da puta dos franceses nunca entraram numa academia, nunca fizeram um exercício físico além de andar de casa até a Torre Eiffel. Enfim.

Cheguei no Charles de Gaulle, aeroporto de Paris e fiquei esperando umas 4h até o horário do meu trem para Lille, norte da França. Nesse meio tempo chegou um eurotrash francês para falar comigo. Não que ele fosse feio, muito pelo contrário, mas depois das primeiras duas frases que ele me disse, absolutamente nada que ele fizesse ia me fazer sentir qualquer interesse por ele a não ser que ele fosse milionário.

“Você é brasileira? Você gosta de funk?”

Minha resposta foi: “Não”.

Digo, “Oui, Je suis brésilienne, mais j’aime PAS le funk..” ¬¬

Pelo menos eu me distraí um pouco ouvindo as histórias do gringo no Brasil. Ele contou que ele foi no BARRA MUSIC. Agora, você imagina.. O que faz uma pessoa pegar um avião em Paris, espera 12h para chegar ao Rio, chega ao Rio e ir ao BARRA MUSIC? Deve ser tão esperta quanto uma pessoa que sai do Rio, espera 12h para chegar em Paris, chega em Paris e fica ouvindo um cara que pegou um avião em Paris, esperou 12h para chegar ao Rio, chegou ao Rio pra foi no Barra Music.

Enfim. Depois de ouvir sobre o turismo sexual que o gringo fez no Rio, finalmente, peguei um trem para Lille.

Lille é uma cidade que fica no norte da França. A única coisa boa de Lille é que ela fica perto da Bélgica e na Bélgica tem cerveja boa.

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No dia seguinte fui pra Bélgica. Para beber cerveja? Não. Para pegar um avião para Croácia, já que o aeroporto de Lille não fazia esse destino. Em apenas dois dias eu estive em quatro países diferentes, uma das coisas legais da Europa. Tudo é perto e realmente “logo ali”.

Bom, muitas pessoas me perguntam. “Croácia? Por que ir para Croácia?” E eu respondo, “Porque Michel quis.” Michel é meu amigo brasileiro com quem viajei a maior parte do tempo. Ele queria ir para lá porque um dos seus amigos foi e disse que foi a melhor viagem que ele fez na europa. Então pegamos um avião Ryanair e fomos.

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Ryanair é tipo a Webjet da europa. Mas ela é realmente baixo-custo! A Ryanair parece um trem, aqueles trens que você pega na Central do Brasil indo para Pavuna. Toda hora passa um favelado vendendo alguma porcaria que ninguém quer comprar. A Ryanair é tipo isso. Os comissários estão sempre com uma aparência bagunçada e meio suja. E durante todo o vôo passam vendendo coisas idiotas como cartão telefônico, relógios, telesena..

Outra coisa ruim é que você só pode levar uma mala, que vai com você dentro do avião. A mala tem uma tamanho limitado. Você tem que medir antes de embarcar. Se ela couber dentro de uma caixa de ferro, você está dentro. Senão, você tem que pagar uns 50 euros para sua mala ir embaixo do avião.

Como burlar a Ryanair:

Qauando você vir aquela longa fila de passageiros se formando, sente-se e espere. Espere bastante. Veja aquela fila aumentar e diminuir, quando o tempo de embarque estiver estourando, entre na fila. Quando chegar a sua vez eles já vão estar tão atrasados que não vão medir a sua mala. Pronto, você burlou o sistema! Usei essa técnica várias vezes e realmente dá certo.

Lembre-se do ditado, “Os últimos serão os que não pagam 50 euros a mais para colocar a bagagem embaixo do avião”.

Chegamos em Zadar – Croácia. As ruas são todas de pedras brancas e a cidade toda cheira a Jasmim. Não se precisa de visto para entrar na Croácia, tem poucas farmácias lá e em todo canto tem uma sorveteria e uma janela onde se vendem pedaços de pizza. A moeda é a Kuna, 8x a menos do Euro. E isso me deixa feliz! Fiz duas amigas croatas lá. Mari e Nina. Uma das melhores coisas do couchsurfing – além de ecnomizar muito dinheiro!

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O pôr-do-sol de Zadar é incrível.

O único defeito da Croácia é que lá as pessoas conhecem Michel Teló e Gusttavo Lima. Mas se você ouvir a música típica de lá você até entende porque eles gostam de sertanejo universitário.

Aprendi duas frases em croata:

“Dobar dan”, que significa “Bom dia”.

E “dobra sisa”, que significa “Belos peitos”.

Depois de Zadar fui para Split, Dubrovnik e Pula. Para ir para Dubrovnik passei pela Bósnia! Não sei nada sobre a Bósnia. Na verdade a primeira vez que tinha ouvido falar na Bósnia foi quando vi uma entrevista com o Marcelo Adnet e ele disse que era fissurado nesse país.

No ônibus de Split para Pula conheci dois casais de brasileiros de Curitiba. Um deles morava na Alemanhã. Foram eles que salvaram meu último dia na Croácia. As vezes é legal ficar sozinha, você acaba conhecendo pessoas realmente boas. Chegamos de manhã cedo e ficamos passeando pela cidade até a tarde. Fomos para o aeroporto juntos.. carregando duas caixas de pizza que não deu para comer no restaurante.

Londres:

Peguei meu vôo para Londres. Não foi difícil pegar o visto. Você só precisa de um comprovante de um lugar onde você vai ficar – no meu caso, uma carta da minha prima dizendo que eu ficaria na casa dela. E um comprovante de passagem de avião/barco/trem/carroça de que você vai deixar o país dentro do limite máximo de tempo que você poderia ficar.

Atente: não existe água fria nas torneiras do aeroporto de Stanstead. Eu me queimei tentando lavar a mão.

Mas além de água pelando tem outra coisa muito legal no banheiro do aeroporto: Imagem se você tiver uma emergência não precisa sair do banheiro para comprar absorvente, tic tac e camisinha!

Não é útil? Comer pessoas no banheiro sem preservativo e com mal hálito nunca mais!

Peguei um ônibus e depois um trem e finalmente cheguei a Sutton, na casa da minha prima.

Todo dia ia de trem para Londres, é 50 min até a estação Victória.

Minhas considerações sobre a Inglaterra: os ingleses são o povo mais educado do mundo. E Londres tem um grande defeito: eu não moro lá. Tudo bem, Londres tem outro defeito, o clima é igual o de Petrópolis. Mas, sabe, isso não faz diferença.. porque é LONDRES!

Lá conheci minha família de Londres, minha prima, suas duas filhas e seu marido. Foi a coisa mais especial. Eles são maravilhosos! Abriram a sua casa para mim sem me conhecer pessoalmente e sem pedir nada em troca. Todo dia a gente jantava juntos, tomava um vinho e conversava sobre qualquer coisa. Eu ri muito com eles. E para mim rir é uma das coisas que mais aproximam as pessoas. Por isso foi tão bom.

Na madrugada do dia que eu cheguei, a mãe da minha prima, minha tia-avó, morreu. Acho que isso também nos aproximou muito. Eu admirava muito a minha tia. Ela é uma daquelas pessoas muito ricas que de repente perderam tudo. Mas ela nunca perdeu o bom humor. Eu lembro dela sempre rindo, mesmo das piores das situações, ela sempre ria. “Seu tio tropeçou, perdeu os dois dentes da frente e teve um infarto! HAHAHAHAHAHHAHA Coitado.” Eu queria ser mais como ela.

Madrid

Madrid é legal de ir só se você sente saudade do Brasil. Senão, simplesmente passe longe. Lá rola muita pegação e o caixa sempre erra o seu troco (aconteceu 3x comigo). Além disso, o espanhol da Espanha é ridículo. Tente falar como se a sua língua estivesse anestesiada. Ou seja, fale como se fosse um imbecil. Pronto, você está falando espanhol.

A palavra que mais deixa evidente como a língua é escrota: Cerbbbeza.

Para não falar que é de todo ruim, toda quarta e domingo lá tem o Montaditos. São restaurantes que servem tudo do cardápio por 1 euro!!! Imagina quantos tintos de verano eu não tomei nessas? Poucos, porque não gosto de me embreagar.

Em Madrid, eu fiquei perto do Retiro, um parque natural muito lindo.

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Lá adolescentes tem mania de chutar latas de lixo à noite. Vi um grupo de três muleques que derrubaram todas as lixeiras de uma rua inteira. As meninas que estavam comigo disseram que era normal.

Marseille (sul da França)

Eu teria aproveitado melhor Marseille se lá não ventasse tanto.

Mas tiveram dois momentos que valem a pena citar:

1) Quando eu estava na Gare Saint Charles tentando tocar Comptine D’un Autre Été (Le Fabuleux Destin d’Amelie Poulain) e um cara saiu correndo e começou a tocar a mão direita da música. Eu demorei um tempo para perceber que era um estranho. Eu nunca vi isso, um piano comunitário. Você chega e toca o que quiser. Não tem nenhum guarda olhando. E mesmo assim ele está em perfeito estado. Sem nenhum arranhão ou pixação. Seria legal ver isso no Brasil um dia.

2) Uma vez que me perdi propositalmente dos meus amigos e acabei encontrando um professor aposentado de Anthologie. Começamos a conversar e passear pela Vila Mediterrânea. Ele me contou a história de cada prédio/barco/rua. Eu não sei o nome dele, mas ele se auto-intitula L’homme au chapeau noir. Ele tirou essa foto minha e me enviou por email:

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Paris:

Paris é um lugar bizarro. Assim que cheguei eu e minha amiga fomos tomar um café perto da Gare de Lyon. No meio do restaurante, o chão se abriu e do buraco surgiu uma lixeira com sacos de lixo transbordando pela boca. Foi a coisa mais bizarra que eu já vi!

Lá os cafés vem com duas pedrinhas de açúcar, como nos desenhos do pernalonga.

O jeitinho brasileiro com certeza foi baseado no jeitinho francês! Todo mundo burla o metrô. Passei debaixo da catraca, doubléi (doublé é quando você passa junto com outra pessoa pela catraca). Mas para quem não gosta de se esforçar muito para burlar o sistema, também existem passagens livres em várias estações. E os brasileiros se achando muito espertos…

Claro que você pode se dar mal, existem os contrôleurs, os caras que verificam se você pagou ou não. As vezes eles entram nos metrôs/trens ou ficam nas plataformas. Se eles te pegarem você tem que pagar uma multa caríssima, ou fazer o que todo mundo faz e suborná-los. Tenho um amigo que se livrou deles por 20 euros. Fica mais essa valiosa dica.

Um mito é verdade. Em Paris, a maior parte dos garçons te atendem muito mal! Mas também encontrei garçons que me atenderam muito bem. Esse da foto, por exemplo. É um restaurante que fomos chamado Chez Gladines. Estava com a camera na mão quando ele se aproximou.

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“Você quer que eu tire uma foto?”

E eu “sim, por favor”.

A gente posou para foto, ele virou a câmera e tirou uma foto dele mesmo. Rs.. Tivemos um atendimento excepcional lá.

Um mito que é mentira é o de que francês não toma banho. Francês fede tanto quanto brasileiro, então acho injusto eles terem essa fama e a gente não.

Uma das coisas mais maravilhosas que descobri em Paris foi a da existência do DADYDAY, ele é tipo o Dr. Ray da França, só que ele não faz cirurgia plástica, apenas é igualmente bicha.

Bom, eu tentei resumir o máximo possível essa viagem e mesmo assim falei demais e estou muito cansada. E provavelmente vou ficar mais três meses sem escrever aqui só descansansando desse post.