Chaves é politicamente incorreto, graças a Deus

A morte de Bolaños nessa sexta-feira comoveu muita gente, afinal ele fez os programas mais assistidos por crianças brasileiras durante décadas! Mas além das homenagens carinhosas, houve os textos mais absurdos que já li sobre ele. Militantes esquerdistas tentaram atribuir um cunho político a Chaves que de fato jamais existiu. Metade dos textos acusavam o programa de ser machista e homofóbico (só faltou “racista” e “nazista”, devem ter esquecido), como nesse trecho abaixo:

Captura de tela 2014-12-02 às 16.14.09Sei que feministas sentem um certo desprezo por homens, mas vou considerar que a autora apenas esqueceu como eles são retratados na série. Um mais fracassado que o outro! Chaves é um menino pobre e burro. Professor Girafales não tem um aluno que lhe respeite. Quico é mimado e retardado. Nhonho, gordo que nem uma porca. Seu Barriga é sempre feito de trouxa. Seu Madruga é preguiçoso, pobre e ainda apanha de mulher!

Sobre a homofobia, não consigo imaginar onde a autora a constatou! Afinal, os personagens não são sexualizados, nem mesmo os adultos! Nunca houve um beijo sequer entre Dona Florinda e o Professor Girafales. Todo relacionamento erótico é mostrado de forma leve e infantil. Às vezes Chiquinha dava algum indício de que gostava do Chaves. E teve um episódio ou outro que alguns meninos ficaram apaixonados pela “vizinha bonita” que foi morar na vila – e o Seu Madruga pela tia dessa, Linda. No entanto, esse nunca foi o foco do programa. E talvez esse seja o problema. O programa é “homofóbico” porque nunca mostrou uma relação que não fosse a tradicional. Nos moldes esquerdistas, a série com certeza teria até as crianças sexualizadas! Isso para mostrar igualmente toda a vasta gama de opções sexuais existentes. Imagine Chaves pautado pelo politicamente correto? A Chiquinha seria lésbica; a Pops, bi; o Quico, viado; e o Godinez, um travesti. Sem contar a Dona Clotildes, é claro, a primeira transexual do México! Não poderiam ter piadas, Quico não poderia chamar Nhonho de gordo, “porque é ofensivo”. Nhonho não poderia chamar Chaves de pobre, “porque é ofensivo”. Chaves não poderia chamar Chiquinha de micróbio, “porque é ofensivo”. Sem contar que nunca poderiam falar que a Bruxa do 71 é bruxa, pelo menos não de forma pejorativa. Porque isso ofenderia todos os Wicca, todos os pagãos, todos os macumbeiros tão bem intencionados def paif. Era melhor que a Dona Clotildes fosse xingada de “Católica”, “Crente”. Quem sabe “A Testemunha de Jeová do 71”? Na melhor das hipóteses a vila seria laica.

Bom, metade da militância (semi)jornalística de esquerda tachou o programa de “mau”, a outra quis tirar vantagem da sua popularidade e dizer, como era de se esperar, que Chaves é uma crítica ao capitalismo.

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(Não custa lembrar que os países mais pobres e onde a fome matou mais gente são os comunistas, né?)

A maior prova que Chaves não é uma crítica ao capitalismo foi o que um amigo bem lembrou: O personagem mais bondoso da vila é o mais rico, o Seu Barriga, coisa que jamais seria mostrada no viés esquerdista, que constantemente retrata o rico como o mau e o pobre como o bom. Para eles, mesmo que o pobre seja um criminoso, ele sempre será “vítima da sociedade”, e mesmo que o rico seja bom.. bom, não existe rico bom.

Todos os personagens têm seu ponto fraco e e seu ponto forte. Todos tem problemas, uns são maiores que outros, claro, mas isso não coloca nenhum deles na posição de coitado, não proporciona nenhum tipo de regalia ou diferença de tratamento. Em Chaves não existe um opressor e um oprimido, e é exatamente isso que faz o programa ser tão leve e divertido! Existe liberdade para se fazer piadas – mesmo que bobas – com qualquer um, em qualquer circunstância. Chaves não tem nada a ver com a ideologia esquerdista, porque Chaves retrata uma coisa chamada realidade.