colocando a culpa na culpa

O que é essa coisa hoje em dia que quando alguém se sente mal por algo que fez coloca a culpa de se sentir mal na culpa e não no que fez?

Então em vez de parar de fazer merda as pessoas tentam parar de se sentirem culpadas. A culpa é importante, é o sinalizador de que você é um babaca. E você precisa saber que é um babaca para deixar de ser um.

Além do mais, sentir culpa/remorso é a principal característica que diferencia pessoas normais de sociopatas.. E por que alguém ia querer ser um sociopata? Só porque eles são inteligentes, manipuladores e conseguem passar por cima dos outros para conseguir o que querem? Não parece uma boa razão.

 

é errando que se desaprende

Acho que ninguém aprende com os erros, a gente aprende é com os acertos. Essa expressão “aprender com os erros” fez com que se consolidasse a ideia de que é preciso errar para acertar. Não. Ninguém precisa acelerar com o carro na ribanceira para ver que ele vai cair. É óbvio.

É claro que existem tipos de erro. Existe o erro que você comete pensando que é um acerto, e só depois de feito descobre que foi um erro: quando você tenta ajudar alguém e só piora a situação. Existe o erro acidental, aquilo que você não tem inteção de fazer: quando você pisa no pé de alguém. E existe o erro intencional, aquele que você já sabe que é errado e mesmo assim faz: roubar, matar, mentir.. Nesse texto, estou falando apenas do último caso.

Errar é um vício. Assim como ninguém aprende a parar de fumar fumando, ninguém aprende a parar de errar errando. Na verdade, você sabe os resultados possíveis e prováveis e mesmo assim continua cometendo os mesmos erros. A adrenalina de não saber se você vai conseguir escapar das consequências negativas é o que faz com que “fazer merda” seja tão excitante.

Saber e sofrer as consequências dos seus próprios erros não ajuda em nada a mudar a atitude que os gera. Se fosse assim todos nós seríamos perfeitos, porque bastaria cometer um simples erro para chegar ao acerto eterno – ou nem isso, bastaria a convicção de que aquilo é errado para fazermos o certo.

Quanto mais se erra, mais se erra. Quanto mais se acerta, mais se acerta. Eu nunca precisei errar para descobrir que um erro era mesmo um erro, quando erro é por simples preguiça, rebeldia ou por achar que aquilo vai me trazer algum “conhecimento de causa”. Sempre descubro o que eu já sabia. Ou seja, não descubro nada.

Cometer o mesmo erro constantemente só te deixa melhor em errar. Alguém que começa a roubar, quanto mais rouba melhor fica em roubar porque a prática dá coragem, faz com que  quem erra aprenda meios de burlar as consequências negativas desse erro e se sinta cada vez mais à vontade para repiti-lo.

Como dizia uma música dos Genesis que eu costumava ouvir muito há alguns anos atrás – e errava menos que agora: “Better start doing it right”.