comediantes são sensíveis

Muitos dizem que somos insensíveis e cruéis mas a verdade é que comediantes são as pessoas mais frágeis do mundo. Pelo menos eu não conheço um que seja durão, mesmo os com a pior fama.

Nosso objetivo é fazer rir e isso traz mais satisfação que criar qualquer polêmica. Não que polêmicas não satisfaçam, elas NOS fazem rir. Isso porque piadas “politicamente incorretas” apenas irritam, ninguém fica realmente magoado. Se um comediante fizesse uma piada e a platéia chorasse, ele imediatamente pediria perdão –  e choraria junto. Mas irritar é uma prazer que compartilhamos. Afinal, alguém que se irrita não está em posição de inferior. Para se irritar em vez de se magoar a pessoa precisa ter certeza de que o que está sendo dito não é verdade, apesar de ainda assim não ter a sagacidade necessária para entender que não passa de uma brincadeira. No fundo todo comediante e toda platéia sabem que piadas são inofensivas, fato sabido por todos até o começo da era do politicamente correto e que agora é simplesmente ignorado.

Se comediantes fossem durões eles não fariam piadas, eles dariam palestras apontando toda a sujeira desse mundo, todas as atitudes estúpidas da nossa espécie. Mas em vez disso ele transforma em algo engraçado para que ele mesmo possa lidar com isso. Realmente não entendo como há pessoas que nos acham tão maus. De todas as coisas mais ofensivas que poderíamos falar, escolhemos apenas PIADAS.

O Diário de Rafaella

Hoje minha cachorra perdeu a virgindade (eu acho) e provavelmente está grávida!
Foi bem na porta de casa. Eu soube quando Dália deu um grito de horror! Aí corri pra porta da frente e pelo vidro deu pra ver minha cachorra com a bunda pro portão.
Saí de casa e tentei desvencilha-la do outro cachorro. Mas não tive forças, também eu estava muito constrangida de interromper esse ato sexual. Meu pai desceu as escadas furioso e desencaixou os dois. O cachorro foi embora – típico. E July ficou deitada no chão de barriga pra cima com cara de desvirginada. Se eu tivesse um cigarro daria um pra ela.
A partir daí foi uma confusão dos infernos. Entrei e Dália estava na cozinha chorando. CHORANDO! Ela estava se apoiando na geladeira, lágrimas escorriam:
– E agora, Senhor? O que vamos fazer?
Meu pai enquanto dava uns tapas em July, reclamava:
– Eu. Falei. Falei. Que. não. Era. Pra deixar. Ela. Sair. Mas alguém. Me ouve? Não! Ninguém. Me ouve..
Logo a tristeza e preocupação de Dália se transformaram em raiva, que passou o resto do dia xingando a cachorra:
– Sua piranha! Prostituta barata!
O bicho nunca foi tão hostilizado em toda a sua vida. Me deu muita pena! Mas devo admitir que entre os momentos de compaixão que senti pela cachorra, foram muitos os momentos de alívio. Toda hora pensava:                                                                                 “Dizas, ainda bem que não fui eu!”

um poema

Esse poema é uma dessas coisas que você acaba descobrindo por acaso quando está à toa na internet. É um dos mais bonitos que já li.

You may write me down in history
With your bitter, twisted lies,
You may tread me in the very dirt
But still, like dust, I’ll rise.

Does my sassiness upset you? 
Why are you beset with gloom? 
‘Cause I walk like I’ve got oil wells
Pumping in my living room.

Just like moons and like suns,
With the certainty of tides,
Just like hopes springing high,
Still I’ll rise.

Did you want to see me broken? 
Bowed head and lowered eyes? 
Shoulders falling down like teardrops.
Weakened by my soulful cries.

Does my haughtiness offend you? 
Don’t you take it awful hard
‘Cause I laugh like I’ve got gold mines
Diggin’ in my own back yard.

You may shoot me with your words,
You may cut me with your eyes,
You may kill me with your hatefulness,
But still, like air, I’ll rise.

Does my sexiness upset you? 
Does it come as a surprise
That I dance like I’ve got diamonds
At the meeting of my thighs? 

Out of the huts of history’s shame
I rise
Up from a past that’s rooted in pain
I rise
I’m a black ocean, leaping and wide,
Welling and swelling I bear in the tide.
Leaving behind nights of terror and fear
I rise
Into a daybreak that’s wondrously clear
I rise
Bringing the gifts that my ancestors gave,
I am the dream and the hope of the slave.
I rise
I rise
I rise. 

Maya Angelou