Se Breaking Bad fosse brasileiro

Um amigo meu disse que eu devia ver Breaking Bad, e como a febre já tinha passado eu resolvi das uma chance. É excelente! Além da história ser bem original, o que mais me chamou atenção foi a profundidade psicológica dos personagens, as virtudes, os defeitos, coisa que não se vê muito nas construções brasileiras. Walter White é um professor de química de ginásio que descobre que tem câncer de pulmão em estágio avançado. Em função disso e mais ainda da sua vida até então fracassada, morna e entediante, ele resolve arriscar tudo. Começa a produzir metanfetamina para deixar algum dinheiro para família antes de morrer. Ao longo dos episódios ele vai ficando cada vez mais obsecado por dinheiro e poder. Passa a arriscar a própria família, que era sua principal preocupação, para se manter no “negócio”. Ele que antes estava se sacrificando para o bem dos outros, passa a sacrificar todo mundo para o seu bem próprio. Nesse sentido a série parece um Chaves do tráfico de drogas. O mal nunca é exaltado, ele sempre perde mais cedo ou mais tarde porque a verdade vem à tona. Antes eu torcia pelo Walt, porque via que no fundo ele era um cara bom cometendo um erro, mas a medida que ele se tornava o cara mau, foi perdendo sua força de empatia com o público. White é uma espécie de bola de ferro que destrói tudo por onde passa. Destrui a vida de Jesse, o cara com quem fazia parceria para a produção de math, destruiu a sua família, que passou a se envolver com uma série de mentiras por sua causa, destruiu um cartel inteiro matando o líder. Isso me fez pensar como seria se a série fosse feita aqui no Brasil.

Se Breaking Bad fosse brasileiro seria uma comédia pornô-chanchada. Walter White seria Washington Wellington, interpretado por Fábio Porchat, um morador de Queimados no Rio de Janeiro que descobre que tem câncer de próstata. Ao saber que vai perder as bolas, Washington se dá conta que não fez sexo o suficiente durante a vida e precisa aproveitar os últimos meses na sacanagem. Mas como a putaria no Brasil para um pobre feio custa dinheiro, ele resolve largar seu trabalho de caixa do McDonald’s e virar traficante. Entra em contato com o moleque de quem ele comprava maconha todo o mês e faz proposta de parceria. Os dois roubam uma carroça de cachorro quente no pé do morro onde moram e resolvem produzir lança perfume ali. Por uma jogada de sorte: ele derruba açaí na mistura numa cena estilo Trapalhões, e acaba fazendo o melhor lança perfume do mercado. Todos os drogados de Queimados trocam maconha e crack pelo lança perfume de Washington. Well, como é chamado por sua mulher, Estrela, então passa a ter problemas conjugais. Estrela, interpretada por Danielle Winits, estranha a atitude do namorado, que sempre sai para fazer bicos em horários estranhos. “Se ele está recebendo bolsa família pelos seis filhos, por que precisa fazer tanto bico?”, indaga-se Estrela. Ela, muito desconfiada dessas atitudes, vingativa e ciumenta como toda brasileira é, pensa estar sendo traída e resolve se envolver em “casos amorosos” com a vizinhaça inteira. Ironicamente numa dessas escapadas ela se apaixona por Gustavo Frango, o traficante/dono do morro, interpretado por Alexandre Frota. Enquanto isso, Washington está gastando todo o dinheiro que ganhou com os lanças-perfumes com casas de show de funk, cachaça e bonés de marca. Ele acaba tão envolvido com todo essas atividades que esquece do seu principal objetivo: comer muitas gostosas antes de morrer. Mas Washington encontra dificuldade para seguir seu sonho. Ele se dá conta que cada que para cada três gostosas que aparecem, ele não pode comer duas porque essas já são namoradas do dono do morro. Chegando ao nível de ele ficar proibido de comer a própria mulher. Triste e deprimido, Well toma coragem e resolve que a única maneira de resolver a situação é matando o lendário Gustavo Frango. Então com os últimos 100 reais que sobraram ele paga seu parceiro, Jesus, interpretado por Bruno de Lucca, para “resolver o problema”. Chegando lá Gus Frango acha Jesus lindo, e o come. Desesperado, sem parceiro, sem mulher, e humilhado de todas as formas, Washington Wellington é aclamado como herói de Queimados! Todos os moradores se simpatizam por ele! Todos querem ser como ele! Ele ganha uma medalha de honra e vira subsecretário da subprefeitura de Queimados! Não consegue realizar seu sonho, mas no final tudo dá certo, porque afinal tudo tem que dar certo e se não deu certo é porque ainda não chegou no fim (Aparecem em letras garrafais no final do último episódio).

Estou pensando em oferecer esse roteiro para a Globo!